Revolta da Vacina
Você sabe o que foi a revolta da vacina? Com certeza você já ouviu falar nesse termo e você o estudou na aula de história. Entretanto, muita gente já se esqueceu o que aconteceu. Por isso, nós trouxemos este post.
Em primeiro lugar, uma resposta rápida à primeira pergunta deste texto. A revolta da vacina foi uma luta popular contra a vacina da varíola. A luta aconteceu entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904.
Contexto histórico
Em 1902, Rodrigues Alves assumiu a presidência do Brasil. Ele era o quinto presidente do país e tinha dois projetos para o Rio de Janeiro – na época capital do país: remodelar a cidade e modernizar o porto.
O principal motivo para o presidente desejar a modernização da cidade é o fato de que o Rio de Janeiro estava sofrendo com a peste bubônica, a febre amarela e a varíola. As ruas da cidade acumulavam lixo e milhares de pessoas morriam anualmente.
É preciso dizer que representantes de outros países não gostavam de vir para o Brasil e, quando vinham, não ficavam no Rio de Janeiro, por causa das condições sanitárias. Eles se refugiavam em Petrópolis.
Por isso, era fácil dizer que o Brasil estava sendo prejudicado economicamente pela questão sanitária. Esse fato estava deixando com raiva a oligarquia do café paulista, que tinha como um de seus principais representantes o próprio presidente Rodrigues.
Pensando em resolver o problema, ele deu plenos poderes a Pereira Passos – que foi nomeado prefeito – e ao médico sanitarista Oswaldo Cruz – nomeado Diretor de Saúde Pública.
O projeto sanitário
Oswaldo Cruz promete eliminar a Peste, a Febre Amarela e a varíola do Rio de Janeiro. Para isso, ele só pede uma coisa: liberdade total.
É aí que os problemas começam. Oswaldo Cruz precisava eliminar os ratos e os focos de mosquitos e eles o fez, mas a força. O governo começa a remover as pessoas de suas casas, os aluguéis aumentam e mais de 600 edifícios e casas são derrubadas, obrigando muita gente a viver nos morros.
Além disso, Cruz passa a internar pessoas de forma compulsória, deixando a população cada vez mais inflada contra as políticas que ficaram conhecidas como “Código de Torturas”.
Se nós considerarmos ainda o grau educacional da população, que não acreditava sequer em micróbios, torna-se mais compreensiva a situação na época.
Uma ideia falha foi a tentativa de capturar os ratos fazendo com que a população os entregasse em troca de uma recompensa. Isso só fez com que uma parte da população passasse a criar ratos para tentar ganhar dinheiro em cima dessa novidade do governo que acabou suspendendo-a.
Por tudo isso a população já estava insatisfeita quando o governo aprovou a lei de vacinação no dia 31 de outubro.
A revolta da Vacina
A lei da vacinação foi escrita por Oswaldo Cruz e aprovada no Congresso. Entre outras coisas ela previa a vacinação obrigatória contra a varíola para todo o brasileiro com mais de 6 meses.
A população já estava inflada, por isso foi uma grande oportunidade para aqueles que ainda sonhavam com a volta da Monarquia. Portanto, eles fizeram com que a lei saísse nos jornais tão logo ela foi aprovada. Além disso, eles publicaram charges e outros textos que diziam – entre outras coisas – que a vacina não era eficaz. Ou seja, uma grande campanha de fake news que incitou a população a combater os agentes de saúde que invadissem as casas para vacinar a população.
Apoiados no clima de combate do Rio de Janeiro, eles preparam um Golpe de Estado. Os cadetes da Escola Militar apoiaram o golpe e participaram de um ataque ao Palácio do Governo. O confronto teve muitas perdas, mas nenhum dos lados pôde se dizer vencedor.
O governo reforçou a segurança e a Marinha fez um bombardeio à Escola Militar, por isso os militares se renderam.
Entretanto, eles conseguiram que – no dia 16 de novembro – a obrigatoriedade da vacina fosse revogada, mas só no papel. Afinal, as pessoas não eram forçadas a tomar a vacina, porém precisavam do atestado de vacinação para:
- trabalhar;
- viajar;
- casar;
- se alistar no serviço militar;
- se hospedar em hotéis
- conseguir matrículas em escolas públicas.
Sobre os revoltados ainda podemos dizer que cerca de 1000 foram presos e 460 foram deportados.
Resultados de Oswaldo Cruz
Assim que ele assumiu o cargo, Oswaldo Cruz prometeu acabar com a febre amarela em três anos. Ele teve sucesso nessa missão. Em três anos a doença já não era um grande problema na cidade carioca.
Além disso, os resultados da vacina de varíola também foram muito satisfatórios. A doença hoje está erradicada no mundo todo e foi sob a gestão de Cruz que ela começou a desaparecer do território brasileiro.
Acompanhe essa linha do tempo:
- 1904, cerca de 3 500 pessoas morrem de varíola
- 1906 – 9 pessoas morrem de varíola;
- 1908 – nova epidemia, os número de mortes chega a cerca de 6 550
- 1910 – uma morte.
Depois disso, deixou-se de registrar mortes por varíola no Rio de Janeiro.
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