A chegada de um peixe invasor ameaça o equilíbrio do arquipélago de Fernando de Noronha.
Dessa vez não são turistas irresponsáveis, nem a exploração de empresários em busca de lucro que estão colocando em risco o paraíso, mas sim uma espécie de peixe curiosa que pode acabar trazendo prejuízos ecológicos de grandes dimensões.
O peixe-leão, como foi apelidado, está sendo avistado na região desde dezembro de 2020, e até o momento desta postagem já foram 62 peixes desta espécie registrados nos mares do arquipélago brasileiro.
Enquanto alguns foram capturados, os outros permanecem trazendo o terror para as vidas marinhas nas águas de Noronha.
Mas o que faz este peixe ser tão perigoso para a saúde ambiental de Fernando de Noronha?

O nome do peixinho não poderia ser melhor: peixe-leão.
A maior arma desta espécie é sua aparência, parece um galã dos mares: ele possui o corpo todo listrado com tons laranja, vermelho e marrom, e longas e elegantes barbatanas.
Mas é como dizem, quem vê cara, não vê coração. Sua crista carrega espinhos venenosos, tóxicos até mesmo para os seres humanos.
Até aí tudo bem, porém a questão começa a preocupar com a chegada destes elegantes anfíbios aos nossos mares.
Tendo suas características pouco ameaçadoras, isso faz com que os peixes demorem a perceber a espécie como um predador em potencial, e assim, quando percebem pode ser tarde demais…
Um dos primeiros impactos que poderão ser observados é para a pesca local. A espécie invasora se alimenta de pequenos e médios peixes, que seriam alimentos para os maiores, como atum e barracuda. E então o impacto na cadeia alimentar está feito.
Ainda não entendi. Qual é o problema para a vida marinha?

O problema é que o peixe-leão costuma se espalhar feito praga nos mares em que ele chega e acabam causando desequilíbrio sobre os peixes de pequeno e médio porte.
Como não tem predadores por aqui, a espécie originária do Indo-Pacífico, se prolifera descontroladamente, roubando o espaço e a alimentação dos peixes nativos e, consequentemente, afetando todo o ecossistema.
Eles comem de maneira voraz e acabam se reproduzindo de maneira veloz. As fêmeas desovam todos os meses, e cada uma delas pode colocar até dois milhões de ovos em um único ano.
E o perigo de desequilíbrio pode afetar outras águas brasileiras: o animal já foi visto na costa do Pará e do Rio de Janeiro, mas ainda em quantidades menores.
Qual é o perigo do peixe-leão para os humanos?

Os espinhos na região dorsal do peixe-leão soltam um veneno nocivo aos seres humanos.
Em contato com a pele, a toxina pode causar febre, vermelhidão e até convulsões.
O Ministério do Meio Ambiente, inclusive, está preparando um material de alerta para turistas, pesquisadores e mergulhadores sobre o que fazer para quem for vítima da espécie, sobre como cuidar do local afetado para dificultar a ação do veneno e procurar atendimento médico o mais rápido possível.
E agora, José?

Com águas quentes e uma fauna marinha tão rica, não é difícil imaginar que o peixe-leão tenha chegado para ficar. Mas por enquanto, ainda não é possível medir a dimensão do impacto nas águas brasileiras.
Especialistas estão acompanhando o desenvolvimento e monitorando os locais de estabelecimento desta espécie no Brasil, mas lembram que é praticamente impossível impedir que ela se estabeleça.
Além do monitoramento constante, outro fator que pode interferir é o fato de que o peixe-leão oferece uma carne saborosa e valiosa, sendo vendida por até 50 dólares o quilo para alguns restaurantes específicos no Caribe.
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